terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Apreensão de remédio dobra em 2009 no PR

25/01/2010 - Foz do Iguaçu - A apreensão de medicamentos contrabandeados do Paraguai cresceu 110% no Paraná em 2009. Somando os balanços de apreensões divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), Receita Federal (RF) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao todo 512 mil cartelas e ampolas foram apreendidas no estado. Em 2008 este número foi de 243 mil. O levantamento revela uma realidade assustadora: quase 30% das apreensões de medicamentos no Brasil aconteceram no Paraná.




Na opinião das autoridades, o crescimento das apreensões é resultado de uma fiscalização mais intensa nas aduanas, nas estradas que cortam o estado e no Lago de Itaipu. De acordo com informações da assessoria de comunicação da Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu, as apreensões de medicamentos aumentam na medida em que outros produtos são apreendidos, já que normalmente os remédios são encontrados escondidos dentro de outras mercadorias.

O representante da Associação Bra­­sileira de Combate à Falsifica­ção (ABCF) em Foz do Iguaçu, Lu­­ciano Stremel Barros, também acha que o aumento das apreensões seja resultado do arrocho na fis­­calização. No entanto, ele acredita que o grande responsável é o crescimento do próprio contrabando. "Além da alta lucratividade, os medicamentos são fáceis de transportar e de esconder. O consumo aumentou e o contrabando também. Aumentando o consumo e o contrabando, crescem as apreensões", afirma. Quem concorda com Stremel é o inspetor da PRF em Foz do Iguaçu Marcos Pier­re. "O contrabando de me­­dicamen­­tos é tão lucrativo quanto o de drogas e armas. Além disso, não é difí­cil comprar uma centena de cartelas no Paraguai, esconder por de­­bai­­xo da roupa e transportar", diz.


Para frear a entrada de medicamentos que saem do Paraguai com destino aos camelôs e pequenas farmácias de outros estados brasileiros, o secretário executivo do Con­­selho Nacional Contra Pirata­ria, André Luiz Alves Barcellos, diz que o Ministério da Justiça adotou uma série de medidas preventivas e repressivas numa reunião realizada em 2008 com as indústrias de medicamentos. "Firmamos uma parceria público-privada para combater o contrabando e a pirataria. Enu­meramos uma série de ações que estão sendo aplicadas, en­­tre elas a intensificação das ações nas fronteiras, a criação de um sistema de rastreabilidade dos remédios, capacitação de agentes e o trabalho de conscientização da população", descreve.


Na lista de apreensões dos órgãos de fiscalização, quase 90% de todos os medicamentos apreendidos são para disfunção erétil, inibidores de apetite, abortivos e anabolizantes. Esses medicamentos, segundo a Anvisa e outras organizações, provocam grandes impactos sanitários e econômicos.


Efeitos


Amilson Álvares, ex-vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), acha um absurdo as pessoas comprarem medicamentos contrabandeados. "Esses medicamentos não são registrados pela Anvisa, não têm controle de qualidade, não são prescritos por um médico, não são orientados por um farmacêutico e podem causar a morte. Isso se eles não forem piratas ou até mesmo um placebo, que não vai fazer efeito algum. É inacreditável que as pessoas ainda consumam medicamentos assim, já que esses remédios podem matar", alerta. Para o chefe da Segurança Institucional da Anvisa, Adilson Batista Bezerra, o risco que pessoa corre ao tomar um medicamento contrabandeado é muito grande. "Como você não sabe o que tem dentro do medicamento, você não pode garantir a eficácia dele. A pessoa pode sofrer desde uma pequena reação alérgica até a morte", afirma.


A Anvisa lembra que a me­­lhor maneira de se prevenir contra a intoxicação e não colaborar com o crime organizado é não comprar o medicamento contrabandeado. "Medica­men­to se compra em drogarias autorizadas pela Anvisa, com prescrição médica, com orientação farmacêutica. Não compre em camelôs ou feiras e desconfie de preços muito abaixo daqueles praticados pelo mercado", ressalta Bezerra.


Além do impacto sanitário, o contrabando de medicamentos também causa um rombo econômico, principalmente para as indústrias farmacêuticas. De acordo com estatísticas da ABCF, o prejuízo chega a R$ 1 bilhão por ano, apenas no Brasil.
 
Fonte : Gazeta do Povo

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