terça-feira, 4 de outubro de 2011

07/06/2011 - O repórter César Tralli mostra em uma reportagem especial, como acontece o contrabando de cigarros do Paraguai para o Brasil. Ele descobriu de onde saem os maços que abastecem o mercado clandestino no país: Paraguai. Eles entram no Brasil por fronteiras desprotegidas. Uma situação que foi flagrada em vários estados que fazem fronteira com outros países. Quem contrabandeia cigarro também comete crimes mais graves, como tráfico de armas e de drogas.

Centro de Campinas no interior de São Paulo, em um camelódromo com mais de 800 barracas há um crime correndo solto. É cigarro contrabandeado, muito barato e de muitas marcas. Mas que é 100% ilegal no Brasil.

Reportagem: Quanto você me faz o ‘Eight’?

Vendedor: “Dez conto” para você. Duro é chegar com ele aqui. Se pegar no meio do caminho é cadeia na hora.

O que regula o preço no “atacadão do crime” é a facilidade ou a dificuldade para trazer do Paraguai. “Perdemos duas carretas no sábado. Mil caixas”, diz o vendedor.

O cigarro clandestino que sai do Paraguai percorre as estradas do Paraná e de São Paulo em uma viagem de mais de mil quilômetros até ser descarregado em Campinas.

“É um crime que necessita de muita gente, de um exército de pessoas extremamente organizado. Desde uma ponta de passagem até os grandes chefes dessas quadrilhas”, explica o diretor da Associação Brasileira de Combate a Falsificação, Luciano Barros.

É em Hernandarias, no interior do Paraguai, onde as ruas ainda são de terra, que sai a maior parte do cigarro que abastece o mercado clandestino brasileiro. Só no local foram construídas nos últimos anos, 15 fábricas de cigarro. Para ter uma noção do tamanho só mesmo de helicóptero. O que já foi fábrica de fundo de quintal, hoje ocupa quarteirões inteiros. É possível reparar que muitas estão em franca expansão.

O Paraguai já produz 65 bilhões de cigarros ao ano. Desse total, mais de 90% - 60 bilhões de unidades - são tragadas pelo contrabando brasileiro. Só com impostos, o Brasil perde R$ 4 bilhões por ano. Sem falar no prejuízo para a saúde, que não tem preço.

A maior parte do cigarro contrabandeado é transportada em embarcações que cruzam o Rio Paraná. Um barco foi apreendido com 350 caixas de cigarro. Cada caixa tem mais de 50 pacotes.

“Nessa situação, ela foi apreendida transportando cigarro, mas ela pode transportar maconha, brinquedo”, explica o agente da Polícia Federal Celso Calore.

Foi uma bem parecida que a equipe de reportagem flagrou do alto, quando voamos de helicóptero sobre o Rio Paraná. O barco carregava caixas e mais caixas de muamba da margem paraguaia para o lado brasileiro em Foz do Iguaçu. Mais de 50 barcos foram recolhidos em 2011 pela Polícia Federal, mas o difícil é pegar os criminosos.

“Eles conseguiram escapar por conta de estarem próximos à margem brasileira. Eles direcionaram a embarcação para parte mais rasa do lago e abandonaram a embarcação”, mostra o agente.

Quadrilhas atuam em parceria dos dois lados do rio. Carrega de um lado e descarrega do outro. Um gerente de porto clandestino em Foz do Iguaçu revela: o cigarro contrabandeado segue do Paraná para todos os cantos do Brasil.

“Veículos pequenos e veículos grandes, ônibus, caminhão e carro pequeno”, explica o gerente.

“Eles tem recursos, muitas pessoas trabalhando para eles, comunicação, veículos, ao passo que a polícia, volta e meia, tem restrição para combater esses crimes”, explica o delegado da Polícia Federal Chang Fan.

“Eu acredito que a Receita Federal tem buscado na medida de sua capacidade reforçar a atividade aduaneira ao longo dos anos. Nós temos batido recordes de fiscalização, recordes de apreensão”, conta o subsecretário de Aduanas da Receita Federal Ernani Checcucci.

Só de cigarro foram recolhidos 52 milhões de maços de janeiro a abril de 2011 e tudo vai para o triturador, mas a oferta livre e solta mostra que o contrabando virou um câncer nas fronteiras brasileiras. Feira do do cigarro, em Pedro Juan Caballero e em Ciudad del Leste, também no Paraguai, transportadoras a pleno vapor camuflando caixas e mais caixas do produto para o contrabando. Do lado brasileiro, o criminoso diz o que faz com as cargas.

Reportagem: Você pega essa carga ilegal e faz o quê?

Criminoso: Distribuo em vários depósitos em casas, barracão, em vários lugares.

Nessa triste realidade, pega carona um perigo ainda maior: onde passa o cigarro, passa de tudo, inclusive armas e drogas. “Cada um tem seu cliente. Vai da cabeça do dono de quem está passando a mercadoria. Se vai passar droga, cada um tem sua consciência”, explica o criminoso.

“Todos esses ilícitos geram criminalidade e criminalidade, inclusive, violenta tal como os homicídios. Foz do Iguaçu está entre os maiores índices de homicídio do Brasil. Eu diria que todas as instituições necessitam de um maior investimento tanto em pessoal quanto em estrutura física e material para proceder essa fiscalização”, mostra o promotor de Justiça de Foz do Iguaçu, Rudi Burkler.

Bom Dia Brasil - Macaenews

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